quarta-feira, 11 de agosto de 2010

ONIPONTÊNCIA: ATRIBUTO DE UM DEUS CRIADOR


Introdução

Muitas pessoas perguntam o que são atributos de Deus, quando muitas delas se empenham no estudo e na pesquisa do mesmo, surge à seguinte indagação: Como e onde são manifestados estes atributos de Deus hoje?
Neste trabalho pretendo desenvolver o conceito e o termo de um dos atributos de Deus, a saber: A sua onipotência divina. Uma das maiores curiosidade do ser humano é saber como se deu a existência de tudo que há no mundo e no universo. Partindo desse ponto de vista, tem surgido muitas opiniões por religiões e também pela ciência.
A partir da reflexão teológica protestante, que tem como fundamento as escrituras sagradas, que é o testemunho da revelação de Deus, é que explicaremos o que é, e onde contemplamos a onipotência de Deus.

1. Doutrina sobre Deus
1.1 Conceito do termo Onipotência

A palavra onipotência vem do latim, omnis e potens, que significa todo poderoso. Esse termo fica subtendido e pode ser definido como um poder universal e ilimitado. Quando essa palavra é vinculada ao monoteísmo, vamos chegar à conclusão que é a concentração de todo poder em um único Ser; reconhecendo que existem outros seres dotados de certa medida de poder. A onipotência é o poder sobre todas as coisas, tanto para criar como para fazer tudo. Subtende-se que a idéia de onipotência é a influência absoluta que controla todas as coisas em todo tempo e em todos os lugares. É a influência onipotente de Deus que garante a imortalidade humana, nesse caso, podemos esperar que Deus continue exercendo sua influência, controle em todo o universo e dimensões da existência.
Deus é o sustentador de todas as coisas, ele é tanto sustentador como criador e isso implica no exercício de sua onipotência. Esse termo está ligado à própria existência, e não apenas naquilo que Deus possa querer fazer. É uma ramificação existencial da compreensão de Deus como Ser Todo Poderoso. Ser é Poder; e Deus é esse Poder. O poder de Deus é manifesto também nas causas secundárias, que cuja existência é mantida pelo poder divino.
Segundo Chanplin, a onipotência divina consiste em outro atributo que pode ser assim descrito:
A onipotência implica em um outro atributo divino, a independência. Deus é vivo e é a substância mesma da vida, sendo um Ser auto-existente. Todos os outros seres dependem dele para vir a existência e continuar existindo. Os poderes secundários, pois são dependentes.
Com essa idéia e tudo que vimos até agora, podemos dizer que Deus é um Ser Todo Poderoso e independente de qualquer outro ser ou coisa existente. “Platão definia o ser como “poder”, o que indicava que o Ser Supremo também é Poder Supremo”.

1. 2 A Onipotência de Deus na criação

A crença em um Deus “todo poderoso” ou onipotente é a base fundamental e tradicional da Fé cristã. No Credo Niceno encontramos a seguintes palavras: “Creio em Deus Pai todo-poderoso”. Se Deus é onipotente, ele pode fazer qualquer coisa. Estamos falando aqui no sentido lógico de onipotência divina. Deus não pode fazer um circulo quadrado, ou um triângulo redondo, porque sabemos que isso seria uma contradição lógica das coisas. Deus é onipotente, e por isso, se entende que ele pode fazer qualquer coisa, desde que não comprometa uma contradição lógica.
A prova existente da onipotência de Deus está exatamente na Criação do mundo. Deus começou a executar o seu plano a partir da Criação. Usamos a expressão “começou”, porque essa obra continua na sua Providência geral e na Providência especial da Redenção.
A Criação faz parte do dogma de todas as igrejas cristãs, como aparece nos credos ecumênicos, que quase com as mesmas palavras se repete. O artigo primeiro do credo apostólico aparece a seguinte expressão: “Creio em Deus Pai Todo-Poderoso, Criador dos céus e da Terra”. Essa doutrina tem um fundamento racional de explorar através da razão uma causa adequada para explicar a origem e existência do mundo. Mas, do mesmo modo, que existem argumentos para provar a existência de um Deus Criador e onipotente, servem apenas para fortalecer a crença intuitiva e não para prová-lo; assim, também, não se pode racionalmente provar a obra da Criação. O autor da carta aos Hebreus (1:3), diz: “É pela fé que sabemos que os mundos pela palavra de Deus foram formados”.
Muitos têm tentado provar a existência de Deus e o ato da criação, mas sem argumentos concretos. Fazem apenas conjeturas, tentando provar a criação através do big-bang (grande explosão) e não conseguem provar coisa alguma, menosprezando o testemunho bíblico que em seus primeiros capítulos apresenta um Deus Criador e onipotente: “No principio criou Deus os céus e a terra” (Gên. 1:1) Com base nesse texto o Catecismo Maior de Westminster, na Pergunta 15, assim define a doutrina: “obra da criação é aquela que pela qual Deus, pela palavra do seu poder, fez do nada o mundo e tudo quanto nele existe, para si, no espaço de seis dias e tudo muito bom”.
Sobre o ato criador de Deus não partindo de nenhum material preexistente, Teixeira comenta:
“Deus pela palavra do seu poder fez o mundo do nada”: isto é, fez sem material preexistente. Esta idéia é própria do pensamento judeu-cristão. O verbo criar significa comumente fazer transformações, como, por exemplo, construir uma casa, aumentar o número de um rebanho ou o volume de uma colheita de trigo: são criações, mas todas dependentes de material preexistente que as possibilita. Sem isso ninguém empreende fazer coisa alguma e o aforismo – do nada se faz – fruto do bom senso como da experiência universal, é sempre apresentado contra a doutrina cristã.

O texto de Gênesis no verso primeiro nos apresenta o verbo hebraico bará, que é traduzido por criar “No principio criou Deu...” isso pode ter o sentido comum acima de fazer; mas quando essa palavra é usada na forma verbal, onde é encontrada acima, tem o sentido especial de criar sem material preexistente. Isso é o que afirmam os eruditos da língua hebraica.
E é a partir desse ato, de poder criar tudo que existe, sem que haja nenhuma matéria preexistente, que contemplamos o Poder divino e a existência de um Deus criador, assim afirma Hefner:
A doutrina cristã da criação é sobre tudo uma afirmação de como os cristãos consideram o mundo de uma maneira proporcionada com o que crêem a respeito de Deus. Este vínculo entre deus e o mundo precisa ser respeitado se quisermos compreender esta doutrina cristã completa e adequadamente. A idéia da criação “a partir do nada” é parte integrante da doutrina porque é uma forma poderosa de se afirmar a dependência total do mundo em relação a seu Criador. Elaborar a forma em que esta dependência deve ser concebida está no cerne da reflexão teológica.

O mundo e tudo que foi criado segundo a onipotência de Deus é para o ser humano, ele é o único beneficiado. Sobre isso, comenta Hefner:

Os cristãos confessam sua fé quando louvam a Deus como Criador que fez o mundo e os seres humanos. Deus criou os seres humanos à imagem divina, conferindo-lhe com isto um lugar especial neste mundo e responsabilidade especial por ele. A criação teve lugar por meio de Cristo. A obra de Deus como Criador é originadora, contínua e consumadora. Os seres humanos são os beneficiários, deste poder criador de Deus não somente em sua origem, mas também na disponibilidade do poder criador de Deus para redimi-los, para torná-los “novas criaturas”, para torná-los participantes da realidade de Cristo e, com isto, para capacitá-los a fazer a vontade de Deus de forma transformadora no mundo.

Quando contemplamos o Poder magnífico de Deus na Criação, logo nos é despertada a atenção, de também contemplar a perfeição de tudo aquilo que foi criado segundo a onipotência divina. Diz a narrativa que, no fim de cada período da sua obra, o Criador, considerando- a, viu que o que estava feito “era bom”, e ao terminá-la, quando criou o homem à sua imagem, viu que “tudo era muito bom” . Essa afirmativa foi necessária como complemento da obra. Pensemos pela seguinte razão: A Criação, que é obra do Plano divino, só poderia ficar acabada quando a mesma viesse a ser declarada pelo idealizador do Plano. Os seres humanos, por mais espertos e criativos que sejam, custam a ficar satisfeito com suas obras; às vezes é preciso desfazê-las para ajustá-las, o mais possível, ao seu ideal.
Sendo Belo por natureza e a fonte de toda a beleza, Deus, muito mais que os artistas humanos, exige perfeição em sua obra, ou que ela venha reproduzir exatamente seu Plano. A afirmação de Deus de que estava satisfeito com sua obra serviu para dá-la por acabada e afirmar ao mesmo tempo a sua perfeição: ele não poderia ter finalizado enquanto tudo aquilo que tinha sido criado por Ele não fosse perfeito, e não satisfizesse o ideal do divino Artista.

Conclusão

Este trabalho nos mostrou o quanto é importante nós sabermos e reconhecermos a onipotência de Deus. Deus é o sustentador de todas as coisas, ele é tanto sustentador como criador e isso implica no exercício de sua onipotência.
Através da teologia e a fé protestante descobrimos um Deus que Cria tudo do nada, sem nenhum material preexistente. E tudo o que ele Criou foi com uma perfeição especial, que nenhum ser vivente pode se igualar.
Com isso, concluímos que a criação e tudo que acontece no universo não é simplesmente uma obra do acaso. Existe um autor por trás de tudo isso, um Deus que age na história do homem e no universo, que mantém e sustenta aquilo que por Ele foi Criado.

Bibliografia

NORMAN, Champlin, Norman, Bentes, João, Marques, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia, Vol. 6, São Paulo, Editora e Distribuidora Candeia, 1991.
BRAATEN, Carl E; JENSON, Robert W. Dogmática Cristã. 2edição. Ed. Sinodal. São Leopoldo, 2002.
MCGRATH, Alister E. Teologia. sistemática, história e filosófica. Ed. Vida Nova. São Paulo, 2005.
TEIXEIRA, Alfredo Borges. Dogmática Evangélica. Ed. Pendão Real. São Paulo, 1958.

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